Augusto dos Anjosviveu apenas cinco meses em Leopoldina, na Zona da Mata mineira. Lá instalou-se em junho de 1914, vindo com a família de trem do Rio de Janeiro. Na capital da República amargara a desilusão e o anonimato artístico.
Dedicava-se ao magistério além da produção literária. Em Minas, continuaria a lecionar e dirigiria um grupo escolar. Viveria com a esposa e o casal de filhos em uma cidade pequena e bem mais tranquila. Porém, após contrair pneumonia, o poeta paraibano acabou desencarnando em novembro de 1914. Tinha apenas 30 anos.
O reconhecimento da contribuição de Augusto dos Anjos para a poesia brasileira veio com o tempo, especialmente depois dos modernistas. Então, ganharam força em seu estado natal as intenções de trasladar os restos mortais para lá. Em João Pessoa, seria construído um mausoléu para “recebê-lo”.
O interesse das autoridades paraibanas sobreviveu até a década de 1970. Glória e Guilherme não consentiram com a retirada dos despojos do pai de Leopoldina. E, em versos e em Espírito, o próprio poeta também expressou seu desejo.
“Oh, que ninguém perturbe os meus destroços”, diz um verso de “Recordações em Leopoldina”. O longo poema, com 15 quadras, foi psicografado por Chico Xavier. Ele faz parte da antologia “Poetas Redivivos”, publicada em 1969.
No texto, reconhecem-se o estilo desesperançado e as intenções fúnebres da obra de encarnado. Mas os traços, nesse caso, servem de adorno para um comentário irônico sobre a contenda relativa aos próprios restos mortais.
Para cantar sua versão musical, Zé Henrique Martinianoconvidou uma dupla interessante. O compositor paranaense Carlos Careqa divide o microfone com o cantor lírico Allan Vilches. A faixa de “Mensagem dos Poetas Mortos” mistura beleza e humor.

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