“Somos condenados a navegar para sempre, a viver para sempre”. Essas são as últimas falas de “Arca Russa”, monumento cinematográfico incomparável de Alexander Sokurov. E essa fala talvez constitua uma boa síntese do propósito da obra: a contraposição entre a eternidade e a opulência material.

O filme foi lançado em 2002. E a distribuição no Brasil é da Versátil Vídeo Spirite. Segundo críticos, poucas vezes o cinema atingiu seu limite estético como neste longa. Para se ter ideia, ele utilizou aproximadamente 3.000 figurantes. Há orquestras, corpo de baile e um figurino impecável dos séculos XVII e XVIII.

E o mais impressionante: “Arca Russa” é todo um plano-sequência. Isso quer dizer que, em seus quase 100 minutos de duração, não há cortes de tomada. A câmera passeia pelas suntuosas dependências do Museu do Hermitage. Nesse cenário, em São Petersburgo, viveu a monarquia czarista por séculos. Hoje, além de possuir sete edifícios, guarda um dos acervos artísticos mais ricos da Europa.

Mas o que é tudo isso para o Espírito imortal? A produção pode ser tomada – e foi, talvez equivocadamente – como uma expressão saudosista da história e da cultura da Rússia imperial. Porém, a perspectiva da câmera é a de um homem desencarnado a vagar por esse ambiente de luxo e poder. Ele observa toda a movimentação pelo palácio de monarcas, militares, artistas e aristocratas. Não é percebido por quase ninguém. E tece suas reflexões sobre o que presencia.

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